Arqueólogos israelenses descobriram um tanque de água (cisterna) datado do
período do Primeiro Templo de Jerusalém (1006-586 a. C.). O achado pode lançar
uma nova luz sobre os usos e costumes da vida na cidade santa há cerca de 2.500
anos atrás.
Encontrado junto ao muro ocidental da praça onde estava o Templo, no chamado
Arco de Robinson. O tanque recebia água do poço de Siloé, que ficava algumas
centenas de metros além dos muros, explicam os especialistas.
“Está bastante claro agora que Jerusalém não só tinha sua fonte de água em
Gion, mas tinha outros recursos para uso público”, afirmou em um comunicado o
arqueólogo Eli Shukron, que lidera o projeto da Autoridade de Antiguidades de
Israel. A descoberta mostrou que o abastecimento de água de Jerusalém, além de
uma fonte de água natural, contava com grandes reservatórios artificiais do tipo
agora descoberto.
A descoberta consiste em uma cavidade meticulosamente esculpida na rocha. A
evidência da época é determinada pela forma e pelo tipo de reboco, típicos de
reservatórios do período do Primeiro Templo descobertos em outros lugares de
Israel. Pode-se ver as impressões digitais dos construtores impressas na parece,
feitas quando eles terminaram o trabalho, como nos depósitos descobertos nos
depósitos similares de Tel Be’er Sheva, Tel Arad e Bet Shemesh.
Essa cisterna é o ponto final de um canal do Vale do “Tyropoeon”, que alguns
estudiosos identificam com o “Vale da Decisão” mencionado no Livro de Joel (Joel
4,14) e também pelo historiador judeu-romano Josefo.
Eli Shukron conta que durante o trabalho debaixo do chão do canal, se abriu
uma brecha que revelou a presença da cisterna com dois tanques pequenos, capaz
de reter 250 metros cúbicos de água, o que faz dela a maior daquela época já
descoberta em Jerusalém.
Seu tamanho grande indica que a água era utilizada para as funções cotidianas
no Templo e pelo público em geral, seja para banho ou para ser bebida.
Provavelmente servia também como local de purificação dos peregrinos antes de
subirem para o banho ritual.
O tamanho original e a localização da cisterna sugerem que ele tenha servido
para auxiliar nas atividades de rituais no templo, segundo destacou a arqueóloga
Tsvika Tsuk da Autoridade de Parques de Israel. “É possível que a grande
cisterna encontrada ao lado do Monte do Templo tenha sido usada na operação
diária do próprio Templo, mas também serviu para os peregrinos que vinham e
precisavam de água para lavar e beber”, completa Tsuk. “A cisterna foi
impermeabilizada com um gesso amarelado típico do período e ainda visíveis nas
paredes”.
O local testemunha a existência de uma área com uma elevada densidade de
construções. Porém, quando o local cresceu em número de habitantes, na época do
Segundo Templo, as construções mais antigas foram desativadas, como ocorreu com
o reservatório encontrado.
Calcula-se que o Primeiro Templo tenha sido construído por volta de 950 a.C,
de acordo com o registro bíblico e destruído por um exército babilônico em 586
a.C. O Segundo Templo foi edificado começou cerca de 50 anos depois e totalmente
destruído por soldados romanos no ano 70 d.C.
Depois de completar as escavações, a Autoridade de Antiguidades de Israel,
órgão oficial do governo israelense, examinará a possibilidade de incluir este
grande reservatório na rota para os visitantes da Terra Santa.
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