quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Caça às bruxas na Tanzânia mata 500 pessoas por ano

Caça às bruxas na Tanzânia mata 500 pessoas por anoCaça às bruxas na Tanzânia mata 500 pessoas por ano
Embora a maioria da população da Tanzânia seja cristã, a bruxaria na forma de rituais de invocação de espíritos e forças da natureza, ainda é muito comum. De acordo com o Centro de Leis e Direitos Humanos do país, anualmente ocorrem em média 500 mortes violentas por causa dessa prática. Perto de três mil mulheres foram linchadas entre 2005 e 2011.
No mês passado, sete mulheres foram queimadas vivas na região de Kigoma. Cinco delas tinham mais de 60 anos. Elas foram atacadas por um grupo de homens armados que as agrediram e depois as queimaram. Há registros de casos que incluem decapitações e esquartejamentos.
As denúncias sobre o aumento de assassinatos dos acusados de bruxaria já chegaram até as Nações Unidas. Em 2012, foram 630. Crescendo para 765 em 2013. Cerca de dois terços são mulheres.
Para Maia Green, antropóloga da Universidade de Massachusetts, que fez sua tese de doutorado sobre a situação na Tanzânia, a origem da perseguição está no ensinamento de cristãos e muçulmanos, as religiões mais numerosas do país. Ambas associam a prática da bruxaria com a adoração a espíritos malignos (demônios).
Sobretudo na zona rural, toda vez que acontece algo inexplicável (doenças, acidentes, secas ou safra ruim) a culpa recais sobre as pessoas que reconhecidamente realizam rituais. Muitos são curandeiros e acabam sendo perseguidos pelos moradores que em algum momento já recorreram a seus serviços.
O problema é antigo. O governo aprovou uma Lei de Bruxaria em 1982, na tentativa de evitar a perseguição e morte dos seus praticantes. Porém, muitos especialistas afirmam que isso só reforçou a ideia de que a bruxaria é “indesejável”, sendo necessário “castigar quem a pratica”. 

Cristãos libaneses pegam em armas para combater Estado Islâmico

Cristãos libaneses pegam em armas para combater Estado IslâmicoCristãos libaneses pegam em armas para combater EI
Semana passada, o chefe da Frente Al Nusra, grupo terrorista ligado à Al Qaeda, mandou um recado para o vizinho Líbano: “a verdadeira batalha vai começar em breve”. Isso já é esperado por Rifaat Nasrallah, um dos líderes do exército cristão de resistência ao Estado Islâmico (EI). Acampados na pequena aldeia de Ras Baalbek, no Líbano, sua milícia tem se mostrado eficiente ao impedir o avanço dos extremistas para o território libanês.
“Se não fosse por nós, seria uma Mosul para os cristãos no Líbano”, explica Nasrallah, lembrando do massacre ocorrido na vizinha Síria. Após saber que os militantes islâmicos estavam matando, crucificando e decapitando a população cristã do norte do Iraque e na porção ocidental da Síria, alguns grupos de cristãos do Líbano decidiram pegar em armas, dizendo que se recusam a passar pela mesma situação.
Nasrallah, um veterano da guerra civil do Líbano, reuniu pela primeira vez seu pequeno exército após soldados islâmicos do grupo Frente al-Nusra conseguir invadir sua cidade durante o verão, saqueando empresas e residências pertencentes a cristãos.
Em agosto, a apenas alguns quilômetros ao sul de Ras Baalbek, cidade fronteiriça de Arsal foi invadida por grupos rebeldes, incluindo militantes da al-Nusra e do EI. Os combatentes cristãos esperavam uma invasão do Líbano. Para garantirem sua segurança, fizeram o impensável, aliaram-se temporariamente com membros do Hezbollah, que não querem ver o EI em seu território.
De fato, o Hezbollah, que é aliado do Irã e do presidente sírio Bashar al-Assad, tem participado abertamente da guerra civil síria desde 2013, lutando contra grupos rebeldes.  O governo não apoia a formação de milícias, mas reconhece que o exército não tem conseguido garantir sozinho a inviolabilidade das fronteiras.
Para Nasrallah e seu grupo essa não é uma questão apenas religiosa: “Não somos convidados no Oriente Médio. Nós somos os proprietários dessa região”. Para ele, não existe contradição entre ser cristão e pegar em armas para se defender.
O Líbano é o país com maior proporção de cristãos no Médio Oriente, são cerca de 50% dos seus 3,5 milhões de habitantes. Desde o fim da guerra civil (1975-1990), por lei, o chefe das Forças Armadas do Líbano, deve ser um cristão maronita. Nenhuma das outras religiões libanesas questiona isso. Historicamente sempre reuniu muçulmanos xiitas e sunitas, drusos e cristãos (ortodoxos, armênios, maronitas e melquitas).