Yago Martins, pastor conhecido pelo programa “Dois Dedos de Teologia” no Youtube, postou um vídeo onde argumenta biblicamente que as Escrituras permitem o armamento civil.
Segundo o vlogueiro, muitas vezes, “a Bíblia traz ideias bem diferentes do que a gente imagina”. Ele defende que as nações precisam de uma cultura de paz por um mundo mais pacífico.
“Mas quando a cultura não é suficiente pra pacificar o mundo, você precisa fazer um exercício de força contra as violências que vêm contra você”, explica.
“Jesus portou uma arma”
O pastor assegura que a Bíblia mostra Jesus empunhando um chicote de cordas com o qual “expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois; espalhou as moedas dos cambistas e virou as suas mesas.” (João 2.15).
“O azorrague era um tipo de chicote dos mais violentos daquela época, aquele que foi usado contra Jesus quando Ele estava sendo torturado, antes de ser crucificado”, lembra, Yago.
“Jesus não bateu em ninguém, mas ele usou essa arma pra ameaçar os cambistas que estavam na sua propriedade, que era o templo. Ele afastou essas pessoas de forma armada”, disse.
O pastor justifica que “armar-se e usar essa arma de forma correta não é um ato pecaminoso, e não é um ato que ofende ao Senhor”.
Uso de armas no Antigo Testamento
“Crente pode dar tiro por aí? Pode andar com arma na cintura?”. Yago aborda textos do Antigo Testamento (AT) onde há muitos relatos de guerra. “Se você espremer escorre sangue, porque no AT Deus se apresenta com o Deus da guerra. É o Deus que usa Israel também como uma força militar”, lembra.
A passagem que está no livro de Êxodo 22.2-3. “Se o ladrão que for pego arrombando for ferido e morrer, quem o feriu não será culpado de homicídio, mas se isso acontecer depois do nascer do sol, será culpado de homicídio.”
Quer dizer que “quando está tudo escuro (noite), e alguém invade a sua casa, colocando sua vida em risco, você usar de força até letal para proteger a sua casa e sua família, não seria considerado pecado no AT”, explica. Lembrando que no mundo do AT não existia energia elétrica.
“Se isso acontece de dia e você percebe que o cara não está ali pra matar, ou coisa assim, mas está apenas roubando, e você mata essa pessoa, aí sim você é culpado de sangue”, disse.
A justificativa para esse texto é a autodefesa. Se você ou sua família corre risco de morte, defender-se não é um erro, mesmo que o agressor morra. Mas aqui fica claro que não foi morte intencional. Já que, no meio da noite, não foi possível identificar a intenção do ladrão.
Se for durante o dia, e o ladrão for morto propositalmente por conta de um bem material, então aquele que defendeu seu bem está errado aos olhos de Deus. “A vida do ladrão é mais valiosa do que qualquer bem que ele possa tirar de você”, justifica.
Autodefesa é defendida pela Bíblia
Se durante um roubo, a vida é colocada em risco durante o processo “se uma arma está apontada para você, o cara está dentro da sua casa e você não sabe quais são as intenções dele […] o uso comedido de violência de forma proporcional, que pode chegar a uma violência letal é completamente permitido por Deus”, defende.
Para esse tipo de caso, Yago argumenta que “Deus está aqui permitindo a autodefesa. Um uso de violência para proteger a própria vida”.
Violência contra um agressor em casos de estupro
“A ideia não é que a violência é permitida no AT só pra você se defender e defender sua casa, mas também defender aquele que está numa situação de vulnerabilidade”, disse.
Yago usou como exemplo o estupro para ilustrar como alguém faria para defender uma mulher nessa situação. “Você tem que, de alguma forma, segurar o cara, apagar o cara, dar um ‘mata-leão’ nele, dar uma pancada na cabeça dele”, exemplifica.
Não há como proteger uma mulher que está sendo atacada, sem ser de forma violenta. “Você não vai dizer ‘moço, por favor, você poderia por obséquio retirar-se deste ato forçoso contra esta jovem mulher?’ Isso não existe”, argumenta.
“Tem que tirar o cara de cima da mulher, e o modo de fazer isso vai ser violento. Não é autodefesa, mas é defesa do outro”, afirma. “Não é porque a gente ama a violência, nem porque a gente quer se vingar, mas porque a gente quer proteger”, continua.
“Toda grande ditadura começa com o desarmamento civil”
“Se alguém chega na sua casa pra matar sua família, você não entrega flores e canta ‘Imagine’ (música de John Lennon)”, ironizou ele no vídeo. Para o estudioso, no AT, desarmar um povo, era um instrumento de domínio sobre ele. “Toda grande ditadura se deu através do desarmamento civil. Foi o que Hitler fez na Alemanha, é o que a gente encontra na Venezuela”, lembra.
O direito do armamento civil, nos Estados Unidos, não existe só por causa da defesa pessoal. “Em termos políticos, existe também para que a população possa se defender do próprio governo”, menciona.
Para o teólogo, um povo armado nunca vai ser dominado politicamente por um tirano. O armamento é uma defesa diante de potências nacionais que se levantam contra o indivíduo”, disse.
“A palavra de Deus diz que a autodefesa é uma coisa boa. Defender o fraco é uma coisa maravilhosa. […] Jesus se armou e mandou se armar. E uma nação sem armas é uma nação que está debaixo da ira de Deus, que está sendo punida por Deus, e sujeita ao vilipêndio de líderes e dominações estrangeiras e cruéis contra o próprio povo”, resume.
Estatuto do Desarmamento não resolveu
A Lei 10.826, de 22 de dezembro de 2003, conhecida como Estatuto do Desarmamento,
entrou em vigor no dia seguinte à sanção do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
A lei federal, ao que tudo indica, foi usada com o pretexto de ajudar a diminuir a taxa de homicídios no país. Depois do pico de 39,3 mil mortes em 2003, os números, num primeiro momento, caíram para aproximadamente 37 mil.
Quase 10 anos depois, em 2012, esse número subiu 42,4 mil. Mesmo considerando o crescimento da população, o índice de violência permaneceu alto demais. Ou seja, o desarmamento foi realizado, mas os conflitos seguiram. Quer dizer que o problema não foi resolvido.
Campanha do Desarmamento foi uma farsa?
Para o jornalista Reinado de Azevedo, sim. Ele questionou, no ano passado, o porquê de 14 unidades da federação não terem apresentado uma redução de homicídios. “Deveria deixar claro que a queda de 11% no número de homicídios entre 2004 e 2010 se deve, basicamente, a São Paulo e Rio”, disse.
O jornalista mostra através de dados da segurança pública, que o número de homicídios nos demais estados brasileiros, manteve o crescimento, independente da Campanha do Desarmamento.
“Os números sobre a violência no Brasil servem justamente para desmistificar essa cascata cretina sobre a campanha do desarmamento”, protesta.
Além disso, denúncias apuradas revelaram que, em algumas ocasiões, armas entregues por cidadãos nas campanhas de desarmamento, que deveriam ser destruídas, foram desviadas indo parar em mãos criminosas.
Em 2016, o Brasil alcançou a marca histórica de 62.517 homicídios, segundo informações do Ministério da Saúde. Isso equivale a 30,3 mortes para cada 100 mil habitantes, uma das mais altas taxas de homicídios do mundo. O limite considerado como suportável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 10 homicídios por 100 mil habitantes.
Assista!
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