Nas últimas eleições presidenciais, a candidatura do Pastor Everaldo (PSC) à presidência apesar da votação baixa, acabou sendo um marco na história política dos evangélicos. Pela primeira vez alguém usando um título eclesiástico se lançava na conquista do cargo mais alto do executivo.
Há décadas líderes religiosos são eleitos para postos no legislativo. Agora estudiosos acreditam que poderão se consolidar mais projetos políticos construídos por setores evangélicos.
Christina Vital, antropóloga da Universidade Federal Fluminense (UFF), autora do livro Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições de 2014, defendeu à agência de notícias DW que deverá haver uma “moderação” no tom para as próximas eleições presidenciais, ano que vem.
“Para vencer é preciso moderar e falar para a sociedade de um modo mais geral”, garante.
“Temos uma formação cultural e um jeito de fazer política cujo referencial é católico. Quando os evangélicos se apresentam na política, em todo o tempo eles estão lidando com esse elemento cultural”, explica a especialista.
Para ela, a eleição de Marcelo Crivella a prefeito do Rio de Janeiro é um exemplo disso. “O senador tinha uma fala acolhedora e pautada na gestão eficiente. Ele fez alianças muito amplas com diferentes setores da sociedade”, resume.
Mas um dos pontos principais é que ele não fez uma apresentação religiosa de sua candidatura, embora não negasse sua vinculação religiosa. Com isso conseguiu conquistar os eleitores não evangélicos.
Vital acredita que possa haver uma “unidade evangélica” em torno da candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro. “Sua candidatura visa produzir uma unidade evangélica em torno de seu nome. A novidade é que as lideranças evangélicas de diferentes denominações têm tentado aparar essas arestas e esta competição institucional em nome de “um bem maior”, analisa.
Segundo a antropóloga, existem outras barreiras a serem vencidas. “Temos uma formação cultural e um jeito de fazer política cujo referencial é católico. Quando os evangélicos se apresentam na política, em todo o tempo eles estão lidando com esse elemento cultural.”
Olhando-se para os números, embora seja sabido que evangélicos nem sempre votam em evangélicos, é preciso lembrar que eles são mais numerosos na Classe C e hoje possuem o maior número de eleitores, cerca de 54% do eleitorado.
Isso pode mudará mudar o perfil dos políticos no próximo pleito, uma vez que essa camada da sociedade “formada num seio religioso privilegia o empreendedorismo, a meritocracia, as conquistas individuais e tem aspirações burguesas”.
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